Afinal o que é esse tal de comportamento dual da luz e o que isso implica em nossas vidas? Vamos Recorrer a Física e a História para tentar entender.
No século 17, existia uma grande controvérsia sobre a natureza da luz visível. Duas teorias opostas tentavam elucidar essa questão: a teoria corpuscular de Newton e a teoria ondulatória de Huygens. Ambas explicavam muito bem o fenômeno de reflexão e o da refração da luz. No entanto, novas descobertas de fenômenos ópticos como a difração e a interferência e a polarização colocaram em cheque a teoria de Newton, pois esses fenômenos não eram bem explicados se considerássemos a luz como uma partícula. Por outro lado Thomas Young, em 1803 realizou a famosa experiência de dupla fenda dando mais um severo golpe na teoria corpuscular. Por um momento venceu a teoria de Young que recebeu sua ratificação com a descoberta de Maxwell de que a luz era uma onda eletromagnética.
Em 1905, Einstein dá uma interpretação surpreendente ao efeito fotoelétrico (emissão de elétrons quando iluminados por uma fonte de luz), ao propor que nesse caso, a luz deve se comportar como uma partícula e não como uma onda eletromagnética. Assim volta o debate sobre a natureza da luz, só que agora amparado em fatos experimentais os cientistas resolvem admitir que para se entender melhor a natureza da luz é necessária uma interpretação dual , ou seja, a luz é uma onda-particula. Em determinadas situações ela se comporta como onda (difração, interferência) em outras como partícula (radiação do corpo negro, efeito fotoelétrico).
Em outras palavras a luz é onda e partícula ao mesmo tempo. Quem definirá a sua categoria (seu “status”) será justamente o experimento em questão, ou seja, o observador. Esse pequeno detalhe revoluciona toda a história da Física, ou por assim dizer, toda a história do conhecimento humano.
Fica um pouco complicado para nossas mentes acostumadas com o absoluto entender esse difícil conceito, principalmente quando o extrapolamos para os limites além da Física. Para nós ou é ou não é. Uma coisa não pode ser duas ao mesmo tempo, Bem, quando a física sozinha não consegue convencer, para ficar mais fácil o entendimento só mesmo recorrendo à poesia. Quando o físico não consegue explicar o poeta explica. Palavras de Luis Fernando Veríssimo:
“Diz a Mecânica Quântica que as partículas atômicas se comportam de um jeito quando são observadas e de outro quando estão sós (aliás, como todos nós). E quem nos assegura que o Universo que está aí não é como aí está quando ninguém está olhando? E que quando os astrônomos se viram do telescópio para a prancheta o Universo não faz uma careta?”
Entendeu agora. Ou você quer que eu conte para todo mundo que você imita Roberto Carlos no espelho do Banheiro?
RICARDO MONTEIRO ROCHA
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