sábado, 11 de setembro de 2010

O Panela

Chambaril, picanha com ervas, camarão com ervas, sarapatel, churrasquinho, lingüiça caseira (aquela bem apimentada que abre espaço para aquela cervejinha gelada) e uma releitura do saudoso cachorro quente de Sr. João do parque: a nostalgia do inconsciente coletivo gastronômico de todo aracajuano com mais de quarenta anos.
O cardápio é atraente a cerveja é gelada. Para os exóticos de plantão há ainda o “mijo de burro” (uma mistura de pinga com rapadura). Por si só esse elenco gourmet já seria suficiente para o sucesso de um boteco. Mas o buraco da panela é mais fundo...
Todas as quintas à noite os espíritos vagantes da boemia se materializam dentro e ao redor e nas calçadas do “Panela Severina”: Um complexo caótico etílico “bistrônico” cultural administrado pelo jornalista e compositor sergipano Gilton Lobo.
É nessas noites que o boteco viria mito. A música sempre de alto nível é degustada pelos clientes como um camarão bem puxado com ervas. Como diz o grande amigo Lêlo: Nunca se cantou: “ me leva amor......amor”. No cardápio musical de Severina não existe espaço para o obvio.
Mas tudo isso ainda não explica o porquê do “Panela” ser tão especial, talvez o fato de se poder sentar em qualquer mesa. Falar com um numa, tomar alguns goles com outro em noutra.Não sei. Só sei que estamos diante de um novo movimento cultural sergipano e ainda não nos demos conta disso. Só sei que quanto chego no “Panela” prometendo para minha esposa e para mim mesmo que voltarei logo, logo (no mais tardar às onze horas) me traio e só consigo me desvencilhar do bar depois da cinco da matina.  Só sei que quanto tudo parece normal olho para o balcão e vejo um garçom dançando tango com uma cliente (quando não os vejo dando aquela canja musical). Só sei realmente que não tenho a mínima condição de verbalizar o que torna o “Panela Severina” tão especial. Talvez ele só seja realmente entendido por quem lá freqüenta. Pois os outros (os que não o freqüentam) estão todos, sem exceção, dormindo no ponto.

2 comentários:

  1. Concordo! Quem não conhece ainda o Panela Severina está dormindo no ponto. E como diz o nosso amigo Lêlo, cuja frase serviu de inspiração ao nosso amigo compositor anfitrião do Panela, Gilton Lobo, "quem quiser que vá dormir"! E dorme no ponto. rsrsrs
    Mas seu relato sobre o tão agradável bar me faz, neste momento, me sentir nele. Vc retratou com fidelidade a sensação de estar ali! Às vezes penso que ali ultrapassou o conceito de bar e hoje seja um clube, talvez uma confraria. Mas o certo é que hoje o considero uma extensão de minha casa e certamente é um novo movimento artístico cultural nascendo. E "quem quiser que vá dormir"!

    Abraço

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  2. Pois é Edson Temos que aproveitar o Panela enquanto ele existe.

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